Quase nove meses, o processo de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, está chegando ao fim e em seu discurso de defesa diz: “Não luto por vaidade”
Na segunda-feira, a presidente afastada fez um discurso de 45 minutos durante a manhã para reforçar sua tese de defesa que, caso o impeachment ocorra, será um golpe contra a democracia. Um discurso firme, mas que muitos consideram insuficiente para reverter o processo de impeachment. Assim foi o depoimento da presidente afastada, Dilma Rousseff, em uma sessão que durou mais de 14 horas no plenário do Senado.
Dilma classificou o governo interino de Michel Temer como “usurpador e indireto” e disse que o processo de impeachment em que é julgada é ilegítimo. “Como todos, tenho defeitos. Mas entre os meus defeitos não estão a deslealdade e a covardia. Não traio os compromissos que assumo”, disse Dilma, que também lembrou o fato de ter sido torturada durante a ditadura militar.
Não luto pelo meu mandato por vaidade ou apego ao poder, luto pela democracia e pelo bem estar do povo.”
Já nesta terça, o Senado inicia a votação final do julgamento, o que pode se alongar até amanhã, quarta-feira. . Aliados de Temer dizem ter votos suficientes para condenar Dilma e empossar Temer definitivamente, até o fim do mandato, em 2018. Os senadores farão a última rodada de debates sobre o processo para votar de manhã, se Dilma reassume a Presidência ou se Michel Temer será oficializado no cargo até o fim de 2018.
Os legisladores vão responder ‘sim’ ou ‘não’ à seguinte questão:
“Cometeu a acusada, a Senhora Presidente da República, Dilma Vana Rousseff, os crimes de responsabilidade correspondentes à tomada de empréstimos junto à instituição financeira controlada pela União e à abertura de créditos sem autorização do Congresso Nacional, que lhe são imputados e deve ser condenada à perda do seu cargo, ficando, em consequência, inabilitada para o exercício de qualquer função pública pelo prazo oito anos?”
A cassação de Dilma Rousseff ocorrerá caso mais de dois terços dos votos dos senadores (54) sejam favoráveis ao impeachment. Se isso ocorrer, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, vai lavrar a sentença e publicá-la no Diário Oficial. Dilma será notificada e o processo se encerra.
Mas se o impeachment for negado pelos senadores, o processo será arquivado e Dilma reassume a Presidência.
Entenda, rapidamente o que está em jogo:
- Julgamento do impeachment já ocorre desde a última quinta-feira; testemunhas, acusação, defesa e a própria presidente afastada já deram suas versões no Senado;
- Dilma é acusada de desrespeitar as leis fiscais com as chamadas pedaladas fiscais e com a emissão de decretos de suplementação orçamentária sem autorização do Congresso; ela nega, e sua defesa diz que tais acusações não sustentam uma medida tão drástica como afastar um presidente da República;
- O presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, que comanda o julgamento, fará uma leitura dos principais pontos da acusação, da defesa e das provas apresentadas;
Os senadores favoráveis ao impeachment reclamaram que Dilma não respondia suas perguntas e lamentaram não poder rebater suas falas.
Pelo modelo acertado pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, os parlamentares tinham cinco minutos para perguntas e Dilma podia responder por tempo indeterminado.
Segundo ele, Dilma, por estar defendendo seu mandato, deveria ter garantido direito mais amplo de fala.