Não há gênero que a atriz Camila Morgado rejeite ou olhe com preconceito. Aliás, esse seu desprendimento com os gêneros do cinema é consequência natural de uma curiosidade que Camila sempre teve, antes mesmo de migrar do teatro para a telona: a de mergulhar em tudo o que existe de fascinante em qualquer ser humano. “Foi o que sempre interessou: o nosso comportamento, a forma como nos vestimos, falamos, reagimos à vida. É esse meu objetivo como atriz e é isso o que me leva a passear por tantos gêneros”, conta a atriz, que, recentemente se divertiu na comédia “Divórcio”, encarou a tensão no thriller “O Animal Cordial” e mergulhou nos processos de luto com o drama “Vergel” – este último fazendo sua estreia nacional na mostra competitiva de longas-metragens brasileiros do 45º Festival de Cinema de Gramado.
Com “Vergel”, Camila Morgado novamente se entrega ao drama, gênero que construiu sua relação com o grande público. Primeiramente com a minissérie “A Casa das Sete Mulheres”, em 2003, e depois com “Olga”, em 2004, filme de abertura do 32º Festival de Cinema de Gramado, em exibição hors-concours. Interpretando uma mulher sem nome que é levada à beira da loucura por um luto repentino, ela se entrega a um tipo de história que sempre teve o desejo de contar. “O luto nos leva a um estado de suspensão, onde você precisa encontrar o seu próprio tempo para renascer, se recriar, se reconstruir. É um estado muito primitivo. Nunca havia entrado em contato com isso na minha carreira”, afirma a atriz.
Além do tema, o roteiro escrito pela diretora Kris Niklison também incentivou a entrada de Camila no projeto: “A Kris escreveu tudo de forma tão delicada que eu simplesmente me apaixonei, assim como todos os outros envolvidos”.
Uma coprodução Brasil/Argentina, o longa-metragem foi rodado em 45 dias, com baixíssimo orçamento e com a equipe argentina emprestando apartamento e bicicletas para os brasileiros. O que parecia um obstáculo se revelou um ganho, aumentando os laços de união entre os profissionais. “Foi uma delícia, nos apoiamos muito. Éramos uma equipe que ficava junta para fazer de um sonho uma realidade”, revela a atriz.
Retornando ao Festival de Cinema de Gramado após mais de 10 anos, a atriz sente que a celebração dos 45 anos do evento representa mais do que o tradicional encontro entre amigos e profissionais do cinema brasileiro e latino. “É importante o Festival acontecer nesse momento porque a cultura está cada vez mais marginalizada. A cultura faz parte da vida de todo mundo, e por isso deve ser sempre um estímulo. Em tempos de movimentos tão feios da política de direita, o Festival é também um ato de resistência”, defende Camila.
“Vergel” será exibido no Palácio dos Festivais dia 25 de agosto, sexta-feira, a partir das 21h30.
Fonte: Pauta Assessoria