Rua lotada, muitas fotos, entrevistas, tietagem total. A noite de quarta-feira foi agitada no Tapete Vermelho e Palácio dos Festivais. Era a chegada do ator Cauã Reymond, elenco e a diretora Laís Bodansky, do filme “A Viagem de Pedro”, que teve sessão especial no 50º Festival de Cinema de Gramado. Após passar por festivais ao redor do mundo, como Septimus Awards e Brooklyn Film Festival, Gramado foi o primeiro local a receber a exibição do longa luso-brasileiro, que retrata o retorno de D. Pedro a Portugal para recuperar seu trono, no Brasil. O filme chega aos cinemas no dia 1º de setembro, na semana do bicentenário da Independência.
Durante o debate da manhã de ontem(18), a diretora falou do desafio de abordar este personagem, Dom Pedro; sobre explicitar a questão feminista, retratar personagens pretos com nomes, angústias, lembrando sempre que temos uma história que não foi inteiramente contada.
Já Cauã, , que além de protagonizar também assina a produção do longa, trouxe para a plateia a dificuldade de desconstruir Dom Pedro, uma figura que, completa Bodazsky, tinha como sonho de criança ser Napoleão, grande herói da sua vida, e tirar o “verniz da estátua”, mostrando-o como pessoa.
Uma fala positiva veio da atriz Dirce Thomaz que falou das personagens pretas do filme e sua composição. “O filme foi um divisor de águas na minha vida” na medida em que retrata os negros que viviam ao entorno de Dom Pedro. O cinema, através do naturalismo, traz a respiração e o olhar para compor estes personagens. Ela afirma que o importante não é ter um texto enorme, o importante é estar presente.
Ainda nos debates de hoje tivemos a discussão do longa-metragem brasileiro, “Marte Um”, de Gabriel Martins. O elenco e produção estiveram em peso na conversa do filme com a plateia, onde o humor foi o ponto central. Martins, disse que sente falta de mais humor, a partir dos cinemas marginal e pornochanchada. Ao ser questionado sobre como seria o mais correto ver a produção, se uma comédia dramática ou um drama cômico, ele explicou que entende que o filme possa ter diversas cores, diversos emocionais. Isso para ele diz muito do que somos como brasileiros, onde tem “coisas do Brasil que não se sabe se é para rir ou chorar”. O que parece ter ficado claro no debate é que a família Martins, retratada no filme, já entrou para a história do cinema nacional.
Foto capa: Ator Cauã Reymond | Foto: Cleiton Thiele/Agência Pressphot